Chandra – The Journey of a Star
Um filme documentário de Giuseppe Mussardo e Enrico Agapito
Na manhã do 1.º de agosto de 1930, em Bombaim, o cais da P&O – Linhas Peninsular e Oriental – estava totalmente lotado e havia a confusão habitual de qualquer partida: carregadores transportavam bagagens e grandes caixas, os oficiais estavam ocupados dando as últimas ordens e marinheiros subiam e desciam dos conveses entre cordas e ovéns. Andavam por ali estrangeiros olhando com admiração o Portal da Índia, considerado a quinta-essência da Índia colonial, um monumento erguido pela Inglaterra nos anos vinte para ser o símbolo de entrada no Raj, mas que se tornaria logo o triste testemunho de se estar saindo.
Até poucas horas antes, a chuva carregada pela monção varrera as docas com fortes rajadas, mas depois de uma breve pausa de alívio, um calor sufocante reaparecera; a pesada humidade encharcava as roupas que, quase transparentes, grudavam nos corpos. Perto do cais de embarque do Pilsna, um navio a vapor da Lloyd Triestino viajando de Bombaim para Veneza, reunia-se uma pequena multidão: havia amigos e parentes despedindo-se de um rapaz que se dirigia para a Europa.
O rapaz era esguio, com pele escura, quase negra, nariz largo, lábios carnudos e cabelo preto brilhante emoldurando a testa. Aquele jovem indiano tinha o andar solene de um brâmane e uma consideração incomum num rapaz da sua idade. Os seus olhos estavam sombreados por um véu de tristeza: cercado por todos aqueles amigos, parentes e irmãos, entre todos aqueles abraços e beijos, sentia falta do abraço da sua mãe. Ela encorajara-o desde o início, obrigando-o a partir naquela viagem à Inglaterra, para o templo da ciência chamado Cambridge. Ele sabia que não a veria mais: a sua mãe estava em casa, deitada na cama, seriamente doente. Por fim, o navio partiu, o perfil do grande hotel colonial Taj Mahal e da cidade de Bombaim logo se tornou num pequeno ponto na linha do horizonte. Aquela viagem pelo Mar da Arábia, o Canal de Suez e o Mediterrâneo mudaram o curso da astrofísica para sempre. E também mudou a vida daquele jovem impressionante: o seu nome era Subrahmanyan Chandrasekhar, universalmente conhecido como Chandra.