Físicos de Coimbra constroem detetor para experiência Internacional de Física Nuclear
Uma equipa de investigadores de Coimbra construiu dois sectores de um detector para uma experiência internacional de física nuclear a decorrer num laboratório alemão, para onde foram hoje enviados.
Fonte da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra referiu que o trabalho foi realizado por investigadores do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, com sede naquela faculdade, e enviado para o laboratório GSI em Darmstadt (Alemanha).
A experiência a que o material se destina é conhecida por HADES (High Acceptance Di-Electron Spectrometer) e tem por objetivo determinar a origem física da massa das partículas através da colisão de núcleos pesados acelerados, o que cria matéria nuclear muito mais densa que o habitual.
Paulo Fonte, coordenador do projeto em Portugal, explicou que essa densidade acrescida, ao provocar alterações mensuráveis nas propriedades das forças nucleares, permitirá estudar algumas propriedades dessas forças que são responsáveis pela maior parte da massa da matéria comum.
“Usando uma analogia, se quisermos estudar uma bola de borracha, uma das coisas úteis que podemos fazer é comprimi-la, tirando daí informação sobre as propriedades do material de que é feita”, disse o investigador.
Concretamente, a participação portuguesa na experiência consistiu no projeto, construção e operação de um sistema de deteção de partículas de conceção original, baseado em detetores gasosos do tipo RPCs (acrónimo inglês para “câmaras de placas resistivas”), que ajudará a identificar com mais rigor o tipo de partículas que emergem das referidas colisões nucleares.
Velocidade das partículas
O sistema será capaz de medir o tempo de voo das partículas desde o ponto da colisão até ao detector com uma precisão equivalente ao tempo que a luz demora a percorrer 3 cm (0,0000000001 segundos), informação essa que permite determinar a velocidade das partículas com elevada precisão e ajudar a identificar o tipo de partícula de que se trata.
Com um custo de 460 mil euros, integralmente suportado pela União Europeia, o detector foi desenvolvido e testado ao longo dos últimos seis anos pela equipa de Coimbra em colaboração com uma equipa da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, que projetou e construiu, em parceria com a indústria local, a maioria dos componentes mecânicos do detector.
Os sistemas eletrónicos complementares são da responsabilidade de grupos das Universidades de Santiago de Compostela e de Valência, Espanha, e do laboratório GSI.
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